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A recente decisão da 2ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10) mantendo a determinação para que os Correios contratem os aprovados no concurso de 2011, até o limite verificado de terceirizados irregulares, trouxe uma ponta de esperança para aqueles que, mesmo após tantos anos, ainda estão aguardando serem chamados.
Em todo o país, 353.139 aguardam convocação, a grande maioria, 341.545, para a função de atendente comercial, que inclusive não faria parte do novo concurso anunciado pela empresa no ano passado, mas que foi suspenso temporariamente em função do ajuste fiscal do governo. São 10.964 esperando convocação para carteiro e apenas 630 para operador. Muitos desses candidatos já passaram inclusive por testes físicos ou até mesmo exame pré-admissional mas ainda não conseguiram a contratação.
Mas apesar da nova decisão da Justiça, os Correios resistem em acatar a determinação de convocação e informaram já ter apresentado recurso. Questionada sobre o teor do recurso, a empresa disse que os seus argumentos serão apresentados apenas em juízo. Até por esse tipo de postura, de uma maneira geral, a insatisfação é o sentimento que une aqueles que ainda sonham ingressar na empresa.
Um dos que está nessa fila, esperando por uma luz no fim do túnel, é André Luis dos Santos, que foi aprovado em 26° lugar para o agente de Correios e ainda nem ouviu falar em convocação. A situação de Fábio Cavalcante não é melhor: ficou na posição 618, e o último contratado foi o do 600° lugar. Mesmo tão perto de alcançar sua vaga, ele não acredita que isso seja possível. “Estou desesperançoso sobre o resultado e não tenho expectativas de ser chamado. Passamos por um momento tão ruim da administração, que me roubam essa esperança”.
Quase 11 mil aguardam convocação para carteiro.
Não ser aprovado por 18 colocações é frustrante para qualquer concurseiro, mas a decepção de não conseguir a vaga por apenas um lugar na fila de espera é inimaginável. Aurelino Pereira nem precisa imaginar mesmo. Ele foi o 136° colocado e, na sua cidade, Araçatuba, no interior de São Paulo, a convocação parou na 135° posição. “O que não dá para entender é que a falta de funcionários aqui é gritante”, lamentou.
Nem exames admissionais garantiram contratação
Mas a situação pode piorar. Parece inacreditável, mas há quem já recebeu até telegrama de convocação e nem assim foi contratado. E não apenas um telegrama, mas dois. Fabiano da Conceição, que tenta uma vaga em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, já chegou até a realizar os exames médicos pré-admissionais, mas não adiantou de nada. “Até hoje não me convocaram”, afirmou.
Quem compartilha com ele dessa frustração é o morador de Acará, no Estado do Pará, Ediandro Gomes, que também passou em todas as etapas e até hoje nada de convocação. “O pior é que a cidade tem apenas um carteiro para servir a 54 mil habitantes”, observou. Uma situação dessas tem, por trás, uma gestão duvidosa. Pelo menos é o que acha Luã Alexander Alves. “Fico muito insatisfeito com tantos terceirizados atuando nos Correios, enquanto nós, aprovados, estamos sem nossa vaga”.
Para ele, o problema é a falta de informação sobre os processos de convocação. “Não teve tanta transparência nas classificações. Fazem os aprovados de gato e sapato, terceirizam o quanto querem, desrespeitando a lei. O déficit de funcionário é tanto, que muitos dos aprovados poderiam ser contratados, e assim, todos ficaríamos felizes, colocando um fim nessa novela.” Se ocorressem as convocações, talvez, Vinícius Barradas também pudesse conhecer essa felicidade.
O morador de Fortaleza não esconde a decepção por estar até hoje aguardando uma oportunidade. “É muito chato, pois nos submetemos a tudo o que pedem, e, por fim, os terceirizados ocupam nossos lugares. Ralamos para passar em um concurso, nos sacrificamos em diversos aspectos, para no fim sermos dispensados como objetos quaisquer.” A seleção de 2011 para agente de Correios ofereceu 8.346 vagas, sendo 2.272 de atendente comercial, 5.060 de carteiro e 1.014 de operador de triagem e transbordo, atraindo mais de um milhão de inscritos.
Empresa trabalha por novo concurso
Atualmente, a empresa realiza um levantamento das demandas de pessoal para definir a oferta de vagas em um novo concurso. A seleção anunciada no ano passado seria para cerca de 2 mil vagas de agente de Correios, nas atividades de carteiro e operador de triagem e transbordo, ambas com requisito de ensino médio completo e remuneração inicial de R$3.164,46 (carteiro) e R$2.627,96 (operador) a partir de fevereiro do ano que vem, conforme acordo coletivo assinado no mês passado.
A expectativa é que a nova seleção seja aberta no ano que vem. A oferta de vagas, no entanto deverá ser revista. Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), durante a negociação do acordo coletivo de trabalho do ano passado a empresa reconheceu um déficit de 20 mil trabalhadores apenas na área operacional. Para a Fentect, a defasagem é de 30 mil trabalhadores.
Os interessados na próxima oportunidade já podem se preparar, tomando como base o programa previsto para o concurso, que fez parte do projeto básico da seleção, enviado às organizadoras.
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