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Chega a ser quase uma maldade. Notícias como a da suspensão dos concursos federais, veiculada na tarde da segunda, dia 14 de setembro, pegam os candidatos de surpresa. Pelos quatro cantos do país, deixam brasileiros de cabelo em pé, desestimulados. Com o autoestima em baixa. Mas, para quem não é concurseiro de primeira viagem, e já soma algum tempo de janela neste expresso tão competitivo, a sentença parece bem menos grave, não terminal. Essa não é a primeira vez - e tampouco será a última - que algum (des)governo brasileiro anuncia restrições à política de concursos. E, apesar disso, com maior ou menor regularidade e número de vagas, eles continuaram a ser autorizados, realizados. Assim foi até agora. Assim será.
“Já passei por isso diversas vezes. Em 2007, com o fim da CPMF, o então ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, fez um anúncio semelhante. Em 2009, ele novamente se posicionou contrário à criação de vagas - e vários concursos foram feitos. O mesmo ocorreu no primeiro ano da primeira gestão de Dilma: em 2011, Miriam Belchior, então no Planejamento, e Guido Mantega, titular da Fazenda, anunciaram a suspensão de todos os concursos que depois, aos poucos, foram sendo liberados. Já estamos acostumados a acalmar nossos alunos diante dessas medidas bombásticas que assustam o mercado e que, na prática, felizmente, pouco se confirmam. Veja só o caso do INSS, cujas agências seguem em greve em todo o país: como garantir o mínimo de dignidade e celeridade no atendimento à população, se não ocorrerem contratações? Por isso, o novo concurso do Instituto, já autorizado, está confirmado. E ainda outros, certamente, terão que ocorrer", avalia Paulo Estrella, diretor da Academia do Concurso.
Advogada e responsável pelo blog Concurseira Dedicada, Deborah Cal é ainda mais radical em seu aconselhamento aos concurseiros, neste momento de aparente adversidade. "Para terminar de vez com todo esse chororô, leiam o artigo 37 da Constituição: 'II – a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração'. Então, meu povo, sejam todos temporariamente suspensos ou não, o concurso público continuará ocorrendo - e ponto final. Estudem, não se permitam abalar com esse tipo de notícia. Os fracos e perdidos ficam pelo caminho. Os fortes e os decididos continuam estudando, sem direito a mimimi".
Em sua página numa rede social, Rodrigo Motta reproduziu trechos de um diálogo imaginário com um aluno. Exercício de pura fantasia, mas bastante elucidativo para quem tem dúvidas reais. "Professor, não sei o que faço! Não teremos mais concursos?". Ao que o mestre de Direito Administrativo logo responde. "Tenha calma... Muitos dos concurso que você quer fazer não estão relacionados ao corte. Meu amigo, todo esse tempo que estou dando aula, já deve ser a terceira vez que ouço isso: 'não vai mais ter concursos'! E eles foram feitos. E mais: anunciaram que o corte é para 2016. E se o concurso, caso seja do Executivo Federal, volte a andar no ano que vem, ainda que no segundo semestre, você vai recomeçar do zero? Perder tudo o que estudou? O impacto da notícia é que ferra tudo. Mas estudar requer foco, disciplina. É preciso pensar menos na notícia, e mais no conhecimento".
Em seu post, alvo de diversos comentários elogiosos de alunos, Rodrigo Motta segue dando conselhos. "Concurso não é favor, é obrigação constitucional. Procure ter calma. Se você acha que a notícia impactou de tal forma que você nem consegue estudar, dê um tempo, reflita sobre as suas metas e veja se vale a pena. Você tem sim a opção de desistir, mas ela é estritamente pessoal. Mas, saiba que vale a pena prosseguir! Refaça a sua grade para os concursos estaduais e municipais ou de outros Poderes. Mesmo que não seja o seu objetivo, pelo menos você terá motivação para continuar estudando". No conto do professor, o aluno, é claro, seguiu em frente.
Concurseiro, também professor de Direito Administrativo em cursos preparatórios e servidor público federal, lotado no Ministério da Justiça, Robson Fachini é outro especialista que deixa uma mensagem de motivação para os candidatos de todo o país. "É importante lembrar que a iniciativa privada não está nada fácil. Nesse tempo de crise econômica, existe uma tendência de aumento de desemprego no mercado. Lembre-se que se está ruim no serviço público, pior está na iniciativa privada. Agora não é hora de desanimar. Agora é hora de fazer apenas um ajuste no seu projeto. Agora é hora de considerar as boas oportunidades que aparecerão nos estados e municípios, bem como nas empresas estatais federais, que estão fora do corte. O período de suspensão vai passar rápido e aí, provavelmente, haverá uma avalanche de concursos públicos federais. Neste momento, pode ter certeza que só passará aquele que aproveitou a entressafra para investir pesado na sua preparação. Foco, fé e força!", concluiu.
Presidente da Associação Nacional de Proteção ao Concurso Público (Anpac), Marco Antonio Araujo Junior faz uma análise dos cortes anunciados pelo governo. E mostra-se preocupado com possíveis desvios por parte da administração pública. "Para a sociedade a medida, além de drástica, é tenebrosa, porque poderá estimular a contratação de terceirizados e a precarização das condições de trabalho, sem falar na redução qualitativa dos serviços públicos, em razão da redução de servidores. Mas cabe lembrar que, para a implementação dessas ações, serão necessárias alterações no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) e no Projeto de Lei Orçamentária (Ploa), ambos em trâmite no Congresso Nacional. Ou seja, não há nada de definitivo no anúncio do Governo federal, nem mesmo a criação de uma nova CPMF".
Também vice-presidente Acadêmico da Damásio Educacional, Marco Antonio chama a atenção dos candidatos para um detalhe que considera importante. "É fato: serviços públicos que geram receita para a União acabarão tendo concursos regulares autorizados, para não comprometer ainda mais o caixa do governo. Exemplo típico foi a liberação dos concursos para PFN e AGU, que estão em andamento. No âmbito do Ministério da Fazenda, acreditamos que ocorrerá o mesmo e, em breve, haverá concursos para os cargos de Analista e Auditores da Receita Federal do Brasil".
O especialista deixa uma mensagem final: em concursos, a persistência é a primeira prova ser cumprida. "Nunca é boa a suspensão de concursos para quem está se preparando. Notícias como essa são desestimulantes, frustrantes e tendem a afastar do caminho dos concursos aqueles que pretendem ingressar no funcionalismo público pela via mais democrática que existe. O fato é que, diante de uma crise, é importante avaliar, com cautela, qual a extensão do problema, para, a partir de então, reescrever sua estratégia pessoal e traçar um plano de ação. Aqueles que aproveitarem essa oportunidade de ‘suspensão dos concursos’ para intensificação da preparação poderão se beneficiar desse tempo para alcançar excelentes resultados nos concursos no final de 2016 e a partir de 2017".
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