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A espera foi longa, mas está quase no fim. E para os que aguardam há meses o concurso da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, a ansiedade pela divulgação do edital é igual àquela em torno da chegada da encomenda tão desejada. E a expectativa é que a entrega, nesse caso, seja feita dentro do prazo previsto: até o fim deste mês de agosto. A empresa já confirmou que serão oferecidas cerca de 2 mil vagas de agente de Correios, de nível médio, nas funções de carteiro e operador de triagem e transbordo.
A maior parte das chances será para trabalhar na entrega de correspondências, onde os ganhos iniciais são de pelo menos R$2.592,46. Para operador, a remuneração é de, no mínimo, R$2.255,96 no ingresso. Os ganhos podem ser superiores em função de variação no vale-alimentação/refeição e de outros adicionais, também variáveis. Com o acréscimo de outros benefícios, os valores podem girar em torno de R$3 mil. Conforme informações obtidas junto a fontes ligadas à empresa, no Estado do Rio de Janeiro, as oportunidades serão apenas para carteiro. Além do Rio, haverá vagas para os estados do Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, além do Distrito Federal.
Momento de acelerar a preparação, diz especialista
Em entrevista exclusiva à FOLHA DIRIGIDA, o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, afirmou que serão feitas contratações extras ao longo da validade da seleção, o que torna o concurso ainda mais atraente. “Mais gente será chamada”, disse ele, dando como exemplo o último concurso, de 2011, no qual a oferta inicial foi de 7 mil vagas, mas o número de contratações foi de 20 mil aprovados (as convocações ultrapassaram a casa dos 40 mil). Com o edital prestes a ser divulgado, o especialista em concursos Paulo Estrella, diretor pedagógico do curso preparatório Academia do Concurso, afirmou que o momento é de priorizar os conteúdos de Língua Portuguesa e Matemática, que serão os mesmos da seleção passada. “É hora de acelerar a preparação, principalmente nessas duas disciplinas. Correr para ganhar a maior quantidade de conteúdo possível e fazer o máximo de questões da última banca”, orientou.
Além das duas disciplinas citadas, as provas serão sobre Conhecimentos Gerais. A matéria entrará no lugar de Informática, que foi cobrada até a última seleção. Para Estrella, a mudança favoreceu aos candidatos. “É um conteúdo mais fácil. Informática, se a banca quiser, ela pode complicar as questões. Os candidatos. saíram na vantagem com essa mudança”, avaliou. Segundo ainda o especialista, o ideal é que os interessados utilizem os tradicionais dois meses entre o edital e as provas para se dedicar ao conteúdo da nova disciplina. A exceção é se a previsão inicial de divulgação do documento falhar. “Dessa forma, eles ganham tempo. E se o edital trouxer alguma mudança em relação ao conteúdo previsto, é só tirar a diferença.”
Assim como em 2011, quando a seleção atraiu mais de 1 milhão de inscritos, o novo concurso também deve mobilizar uma multidão. Estrella ressaltou, porém, que aqueles que vêm estudando não devem se preocupar com a concorrência supostamente elevada. “A maioria dos inscritos não estuda. Então, apesar desse número ser muito alto, ele não condiz com a realidade de quem está concorrendo. Quem está brigando pelas vagas é uma quantidade muito pequena”, explicou. “O candidato não tem que se assustar. O que ele tem que fazer é garantir a melhor preparação possível, para passar na frente de quem está estudando, porque de quem não está estudando, ele já está na frente”, finalizou.
População sofre com a falta de pessoal
A demora dos Correios em realizar o seu concurso fez com que a necessidade de pessoal em todo o país se agravasse ao longo dos últimos meses. Em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, por exemplo, o centro de distribuição da empresa amanhece lotado de pessoas que precisam ir à unidade retirar correspondências que não são entregues em suas casas. O técnico em manutenção Jorge Rodrigues explicou o que acontece na região. “O problema dos Correios em São Gonçalo é que as encomendas que chegam aqui, geralmente, não são entregues nas casas. Eles falam que é área de risco. Eu moro próximo à praça do Galo Branco, é um centro. Ali não é área de risco, não tem nada de perigoso”, refutou.
A reclamação foi a mesma da aposentada Maria das Graças. “Na casa da minha filha, eles não fazem a entrega (de encomenda), porque dizem que é área de risco, mas não é, tenho certeza. E ela tem filha pequena, não pode ficar correndo atrás disso”, protestou. “Na minha casa, é a mesma coisa. Cartão de crédito não chega, só chega cobrança de água, luz, telefone. As outras coisas não chegam.” Um outro morador, que preferiu não se identificar, disse sofrer com o problema, mesmo morando na rua da Prefeitura de São Gonçalo.
Mas as justificativas para a falta de entrega podem variar, como conta Regiane Cruz, que é cuidadora de idosos. “Não chega correspondência na minha casa. Desde março, que eu estou esperando o meu cartão de crédito. Eles alegam que nunca tem ninguém em casa, mas sempre tem”, contou. “Agora, era para eu estar trabalhando, mas estou aqui”, lamentou. “Há 15 dias que não chega correspondência na minha travessa. Eu estou vindo aqui em nome da minha filha, porque ela não vai perder um dia de trabalho para vir aqui. Estão chegando contas a pagar com atraso”, afirmou o guindasteiro aposentado Lourival do Nascimento, engrossando o coro dos protestos.
E a falta de trabalhadores não se resume apenas à função de carteiro, segundo Jorge Rodrigues. “No centro de distribuição, que fica na Alameda, só tem uma pessoa para separar mais de dez containers e uma outra apenas para entregar. Aí, fica complicado.” Questionada sobre as reclamações dos moradores de São Gonçalo, os Correios informaram que, para garantir a segurança de seus trabalhadores e das encomendas, têm adotado um modelo alternativo apenas para a entrega desse tipo de correspondência em locais classificados como área de risco. A empresa acrescentou que a informação consta no recibo de pagamento do serviço e no site dos Correios. Mas, segundo a estatal, apenas uma pequena parte das encomendas é entregue dessa forma.
Sobre a rua da Prefeitura de São Gonçalo, os Correios explicaram que ela não faz parte da relação de áreas consideradas de risco. “Nessa região, a entrega é realizada diariamente tanto pelo carteiro pedestre como pelo carteiro motorizado”, afirmou a empresa. Os Correios informaram, ainda, que possuem acordo de cooperação técnica com a Polícia Federal, para a implantação de ações integradas para prevenção e repressão de roubos a carteiros em todo o Brasil. A empresa também disse manter parcerias com órgãos estaduais e municipais de segurança pública, além de utilizar ferramentas de gerenciamento de risco logístico (veículos rastreados e monitorados, rastreadores de carga e escolta armada).
No Rio, carência é de 400 trabalhadores
De acordo com o conselheiro fiscal do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios no Rio de Janeiro (Sintect/RJ), Ronaldo Leite, a quantidade de assaltos aos funcionários da empresa tem, de fato, atrapalhado a entrega de correspondências em São Gonçalo. No entanto, ele afirmou que essa é apenas uma parte do problema. “Como os Correios estão com uma precariedade de funcionários muito grande, as encomendas estão atrasando. O sindicato vem denunciando, de longa data, a piora na qualidade dos serviços e a necessidade de contratações”, disse.
Na opinião do sindicalista, apenas com a contratação de mais trabalhadores, a empresa irá retomar a eficiência que durante tanto tempo a caracterizou. “A população vem crescendo, o número de pontos de entrega e de residências também, e, no entanto, os Correios vêm diminuindo o número de trabalhadores. O resultado disso só pode ser a piora no atendimento à população”, argumentou. Leite explicou que, além de não realizar contratações há algum tempo, a empresa vem promovendo planos de demissão voluntária, o que agrava o déficit de pessoal. “No Rio de Janeiro, tem mais de 400 vagas em aberto, que deveriam ser repostas imediatamente. A nossa expectativa é que esse concurso possa suprir essas vagas e, mais do que isso, que as contratações sejam em número suficiente para atender, com qualidade, a população.”
Segundo a Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios (Findect), ao qual o Sintect/RJ é vinculado, em todo o país, a necessidade é de 15 mil trabalhadores. Já a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect) aponta carência de 70 mil trabalhadores, sendo pelo menos 35 mil carteiros, incluindo a substituição de cerca de 30 mil terceirizados. Em novembro do ano passado, a Justiça do Trabalho determinou que os Correios façam o seu próprio levantamento e que contrate, inclusive por meio do concurso de 2011, concursados em número equivalente à demanda detectada. A empresa, porém, já recorreu.
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