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Nesta nova série de artigos iremos apresentar as escolas literárias luso-brasileiras, conteúdo cobrado no caderno de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Enem. Aconselhamos ao candidato conciliar os aspectos aqui tratados com seus conhecimentos de história e geografia. Inicialmente, devemos dizer que, pelo fato do Brasil ter sido colônia de Portugal até 1822, a produção literária até este período pode ser nomeada sob o rótulo de escolas luso-brasileiras, pois a dependência econômica e política para com a metrópole também condicionou-nos a imitação de aspectos culturais.
A primeira escola que trataremos será o Quinhentismo, que se iniciou com o descobrimento do Brasil e perdurou até o fim do século XVI. O contexto histórico desta escola abrange a expansão marítima europeia pelos continentes africano, asiático e americano. Conciliada à procura de novas colônias, a expansão requeria dos viajantes informações sobre as terras visitadas e os povos encontrados, em algo que se assemelharia, nos dias de hoje, a um relatório. Este tipo de relato descritivo geralmente informava sobre as condições de viagem, como informações cartográficas e aspectos relevantes para a metrópole, como recursos minerais encontrados, a fauna e a flora das terras descobertas.
O exemplo mais consagrado de obra deste período é a carta de Pero Vaz de Caminha, que viajou com Pedro Alvares Cabral, na qual há o relato para o Rei D. Manuel sobre a descoberta da “Terra da Vera Cruz”. Abaixo reproduzimos um excerto do texto original de Caminha, já adaptado para o português corrente.
E assim seguimos nosso caminho, por este mar, de longo, até que, terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, estando da dita Ilha obra de 660 ou 670 léguas, segundo os pilotos diziam, topamos alguns sinais de terra, os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, assim como outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam fura-buxos.
Neste dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! Primeiramente dum grande monte, mui alto e redondo; e doutras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos: ao monte alto o capitão pôs nome – o Monte Pascoal e à terra – a Terra da Vera Cruz.”
Fonte: Fundação Biblioteca Nacional, disponível em: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/carta.pdf.
Como características gerais da produção quinhentista, temos o emprego da linguagem erudita, clareza, ausência de figuras de linguagem e simplicidade. Esta carta irá marcar a construção do imaginário sobre os habitantes e as virtudes da terra, o que posteriormente se denominou nativismo, caracterizado pelo afeto e exaltação das características da colônia. Este fenômeno, embrionário ainda no Quinhentismo, terá desdobramentos e influenciará a produção barroca e do Arcadismo.
Outros autores relevantes do período são Pero de Magalhães Gândavo, Gabriel Soares de Sousa e Ambrósio Fernandes Brandão. Não poderíamos nos esquecer da produção dos missionários jesuítas que, motivados pela missão de civilizar os indígenas, produziram obras de caráter pedagógico e moralizante, como consta nos “Diálogos sobre a Conversão dos Gentios”. Este diálogo pode ser visto como uma justificativa da ação missionária, incentivando sua prática. Este texto formava parte da pedagogia empregada nos colégios jesuíticos para a formação de futuros padres.
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